quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Segue abaixo um desenho sem sentido que fiz pensando justamente nelas ( pedaladas =] ), só quem passa 24hrs em cima de uma bike para entender!!Ou talvez seja só coisas da minha cabeça!?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Gramado 511 km – 21, 22, 23/02/2009



A saída estava programada para as 10 horas da manhã do dia 21 de março de 2009. Muito ansiosos arrumamos a bagagem e fomos até a casa do Luiz Eduardo que iria nos emprestar o seu farol. Atrasamos um pouco e chegamos às 11 horas no Fritz e Frida. O Claiton que iria também ainda estava trabalhando, e como o ritmo dele era muito mais forte que o nosso, saímos na frente. Tomamos muita água durante a pedalada, nossa primeira parada foi no pedágio de Cruzeiro do Sul, para forrar o bucho com pastéis que minha mãe havia preparado. Depois paramos em um posto de Lajeado (antes do primeiro viaduto) para comprar “Sukita”. Estávamos alegres, pois ao contrário da primeira tentativa de ir a Gramado, não estava chovendo, e o Sol nos acompanhava. Em Westfália pausa novamente para mais um suco energético. Logo depois se iniciaram as subidas e foi então por volta das 17 horas que alguém me assustou em meio a uma elevação montanhosa. Olhei para trás e vi o Sr. Claiton. Ele estava adiantado pois o local de encontro era às 18 horas no pedágio de Boa Vista do Sul. Acho que eu e o Tiago que estávamos atrasados... Pausa para apreciação de bolachas recheadas no acostamento. Chegando ao pedágio de BVS, hora de repor garrafas, tomar café, chá... A noite já havia tomado conta, entramos em Garibaldi, procuramos um posto para fazer nossa “janta”. De volta a estrada rumo a Carlos Barbosa as lembranças não eram agradáveis, por isso muito cuidado no trecho até São Vendelino. Eu estava ansiosa para ver a tal cidadezinha, e cheguei lá com um embrulho no estomago. Atravessamos a rodovia e eu entrei no banheiro de um restaurante, mas continuava trancada...


Seguimos nossa viagem pela escuridão. Estávamos um pouco na dúvida de qual era o caminho para Feliz, mas chegando lá paramos no primeiro hotel as 22:30 na beira de estrada, pois era o único. Finalmente consegui fazer o descarrego. Não jantamos e dormimos, eu não consegui dormir. As 5:30 estávamos na ativa em direção a Vale Real e até aí nada de café da manhã. Foi muito legal ver o Sol “nascer” daquele jeito com o qual não estava habituada – mal dormida, com fome, porém ansiosa. E além do mais, não é todo dia que se vê o sol surgir por trás das montanhas da serra gaúcha. Quanto mais eu via placas indicando as próximas cidades, mais eu me empolgava. A primeira grande emoção, chegamos à rótula Caxias - Nova Petrópolis seguimos pela direita e foi o inicio da serra, 9 km de subidas constantes. Levamos umas 2 horas pra subir.


Chegamos no centro de Nova Petrópolis pelas 9 horas e fizemos um rancho num mercadinho, banana, sanduíche de pão fresquinho, bolo, iogurte...Esse foi o melhor café da manhã da minha vida. Um banquete na calçada ao lado de um mercado, as pessoas passando pelo local e conversando em alemão. Passamos pela praça e fomos em direção a Gramado, seriam mais 35 km +/-. Até Gramado foram inúmeras subidas, e eu já estava na capa da gaita. Os dois me deixaram para trás, só fui encontrá-los no pórtico. Entramos na cidade para almoçar, massa!!! Detalhe: fomos até Gramado e não visitamos nem um ponto turístico porque o Claiton teria que trabalhar no dia seguinte. Após o almoço nos dirigimos a rodoviária, mas não havia nenhum itinerário que nos servisse (de retorno a Santa Cruz). Por volta das 13 horas saímos de Gramado rumo a Santa Cruz do Sul.


Aquelas descidas de retorno a N. Petrópolis recompensaram com máxima de 67 km/h . Estava muito quente, tivemos que parar algumas vezes. Chegando na rodoviária de N. Petrópolis, o atendente informou que não havia mais itinerário, mas que em Feliz havia um dali a 40 minutos, ou seja, impossível para o ritmo que estávamos. Finalmente o momento mais esperado, descer os 9km de serra até Vale Real. Paramos no pedágio de Caxias para abastecer as garrafas. A próxima parada foi na rodoviária de Feliz, comemos bolacha, suco energético. E ônibus não havia . Voltamos por Bom Principio a terra do moranguinho. Na rodovia movimento intenso, à noite nos acompanhava. Conhecemos um ciclista que foi conosco até São Sebastião do Caí, onde morava. Ele nos mostrou o caminho pela cidade até chegar a estrada de chão, um atalho que nos levaria a Montenegro. A estrada não tinha iluminação. E eu já estava apavorada, pensando que não chegaria nunca em casa. Passamos por Parecí Novo, e chegamos a Montenegro sem ter muita consciência disso. Poucas placas e sinalizações no local, acabando assim por nos perder, e fizemos 20 km a mais. Entramos na ‘124’ em direção a Nova Santa Rita. Aí o Claiton nos deixou para trás, pois ele precisava trabalhar no dia seguinte e já passava das 22 horas. O asfalto estava bom, mas não tinha iluminação, não havia nada, só eu, e um pouco a frente, o Tiago. E eu, que não estava acostumada com a situação estava muito apavorada e cansada. Finalmente encontramos um posto aberto, na beira da estrada, paramos para pedir informação e tomar suco energético. Aproveitei o chuveiro no banheiro e tirei o voodoo de meus braços, não lembro de outra ocasião em que eu fedia mais. O homem do posto informou que logo estaríamos em Tabaí se seguíssemos. Ufa! Senti-me em casa quando cheguei a Tabaí. A partir daí só fui me arrastando cada vez mais. Essa foi a parte que mais me marcou na viagem. Estava disposta a parar em qualquer lugar para dormir e continuar no dia seguinte, mas o Tiago não queria. A fome começou a me chutar, os postos estavam todos fechados, eu via vultos, bichos... Coisas que nem existiam. Recordo-me de ter dormido enquanto pedalava – estava sobre uma ponte e quando acordei já estava adiante dela. Em Venâncio Aires paramos em um posto, que por sinal também estava fechado, e me apavorei muito quando vi um homem armado a uns 50 metros. Fizemos uma volta para passar longe dele. Nesse momento acordei da sonolência. Outra ocasião semelhante ocorreu a uns quilômetros dali: eu estava cochilando e pedalando muito devagar, e meu irmão a alguns metros na minha frente, tive a impressão de ouvir alguém correndo no asfalto em minha direção, no primeiro segundo não dei importância por estar sequelada, mas olhei para o lado e percebi que realmente havia alguém ali. No mesmo instante minha velocidade pulou de 5 km/h para 30km/h, ultrapassando inclusive o meu irmão. A fome era imensa, e não restavam mais forças. Lembrei de uns pastéis velhos na bagagem, quase os toquei fora na noite anterior, eram de tomate com ovinho de codorna... Chegamos ao pedágio de Venâncio A., o Tiago foi ao banheiro, e eu me escorei na parede e apaguei. Ele não me deixou dormir, pois queria chegar logo em casa. O cara que trabalha no pedágio veio conversar com a gente e se apavorou com nossa viagem, ofereceu carona até Santa Cruz. Eu prestes a aceitar, mas novamente o Tiago não quis... Iniciou-se então a contagem regressiva da nossa quilometragem até em casa. Nas sete curvas eu estava com medo de dormir e cair na pista ou para algum barranco. Mas o cansaço era maior que o medo. Fizemos mais uma parada no meio da subida. Depois descemos o Grasel, e fomos para casa por caminhos distintos. Eu cheguei em casa as 7 horas de segunda feira(23-03-2009) e meu irmão chegou uns 15 minutos antes. Não sabia se comia ou tomava banho primeiro. Comi como uma morta de fome, e quase não consegui tomar banho, pois estava tudo em “carne viva”. Meus pés ficaram uns 3 dias enrugados, e meu minguinho da mão (não lembro qual) formigou por mais ou menos um mês. O Claiton chegou em casa (Vera Cruz) pelas 4 horas e foi trabalhar as 8 horas...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Domingo 01.03.2009



Estava dormindo, o relógio ainda não marcava 23hrs, e o Silvio já estava aqui, ansioso, havíamos marcado nossa saída para Gramado a meia noite. Mas foi até melhor assim... Acabamos saindo antes. No trevo do posto 2001, após passar por vários “carnavaleiros”, escutei um barulho suspeito, por um momento pensei que viesse de mim, mas infelizmente era apenas o primeiro pneu furado... Foi o meu. Imediatamente fomos para o posto trocar a câmera. Perdemos cerca de 1 hora ali.
Depois, não menos entusiasmados (confesso que eu estava um pouco desanimada) seguimos até a casa do Luiz Eduardo que iria nos emprestar uma câmera de ar(a única da bagagem). Seguimos pelo acesso grasel... Nenhum dos três havia pedalado à noite, então foi “tudo novo”. Naquela época estavamos assistindo muitos filmes de suspense, ficamos imaginando que um monstro surgiria no meio do asfalto. Um farol para 3 ciclistas.
Antes do pedágio de Venâncio Aires outro susto... Um cachorro, não visto, quase nos atacou... Parecia estar muito enraivado... Alguns km antes do pedágio de Cruzeiro do Sul sentimos alguns pingos... Tivemos tempo de acelerar para chegar secos ao pedágio. Assim que chegamos - 04h20min - o céu “desabou”. Comemos e dormimos no chão... Saímos de lá as 06h20min, assim que acordamos. Em Estrela nos demos o direito de um café da manhã com leite, numa lancheria, isso foi um luxo. Neste “meio caminho” um meio chuvisco nos acompanhou. Não poderia deixar de citar os comentários do frentista de um posto: “vocês são loucos”, e do cara da lancheria: “Eu nunca vi ciclistas subir aquela serra antes...nããão...são louuucos... Seguimos por Teutônia, Westfália... A essas alturas meu pneu já havia furado novamente... Entre Westfália e BVS pudemos observar uma cascata no meio do caminho, estávamos molhados e aproveitamos para tomar outro banho,...Andamos em meio a muita neblina... No pedágio de Boa Vista do Sul paramos. A intenção era dar uma leve descansada, mas acabamos por permanecer no local por +/- 3 horas, após confirmação de meu pneu estar furado, foi um pesadelo engraçado... Do pedágio a Garibaldi, pegamos muita chuva...Entramos em Garibaldi e sentamos na primeira parada de ônibus que encontramos para saborear os pães que minha mãe tinha feito hehehe. Depois fomos em busca de uma bicicletaria, nisso tivemos sucesso, compramos duas câmeras reservas e seguimos até Carlos Barbosa, depois pegamos a estrada em direção a São Vendelino. Uns 14km de descida. Fotografamos bastante neste trecho. Havia muitas curvas...Dói um pouco lembrar isso...Foi quando dobrei uma curva e, o Silvio estava caído. Parei no acostamento e fui ajuda-lo. Mas isso não bastava, pois ele havia se machucado. E sua bike então...Quebrou o garfo...E ele acabou por abandona-la no mato. Eu não quis acreditar, balancei a cabeça quando falaram que teríamos de voltar...Pensei em Gramado...Pensamos um pouco, e resolvemos caminhar até Garibaldi, mais especificamente a rodoviária e voltar a Santa Cruz do Sul. Isso foi por volta das 17:30. O Tiago e Eu subimos aquelas subidas empurrando nossas bikes, e o Silvio com a bagagem “em mãos”. Quando passava algum caminhão acenávamos com esperança de conseguir carona, mas nada deu certo. As descidas eram raras naquele trecho, mas quando havia pegávamos embalo, eu na carona da bike do Tiago com o mesmo dirigindo, e o Silvio na minha bike com seus pneus murchos. Na nossa longa caminhada choveram ligações para os 3 celulares... Cada vez o desespero aumentava mais... A noite também... Paramos de caminhar por volta das 21hrs quando nos demos conta de que estávamos no caminho errado- faltavam 5km para Bento Gonçalves...Aí o desespero só aumentou!Estavamos num labirinto, um local desconhecido, já estava escuro, e havia pouca iluminação, estávamos muito cansados da caminhada, meus pneus estavam furados, roupas molhadas, mentes atormentadas, imaginávamos coisas...Demos a volta no trevo e seguíamos novamente em direção a Garibaldi... Precisávamos chegar ao trevo de acesso a Garibaldi, pois o irmão do Silvio estaria lá nos esperando de carro. De repente, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo. Ouvi uma buzina, mas não dei bola, mas o Silvio falou que poderia ser o seu irmão... Que alegria, seria o fim do pesadelo... O carro fez o retorno no trevo e veio em nossa direção, e nós acenávamos como desesperados. O carro estacionou, ajeitamos tudo lá dentro. Eu já estava prestes a vomitar, dormi a viagem toda, que durou 01h30min. Chegamos em casa, e fui tomar um banho gelado mesmo, já que o chuveiro estava estragado...ô beleza!!!

Pedal+Caminhada=160km