segunda-feira, 22 de março de 2010

Gramado 511 km – 21, 22, 23/02/2009



A saída estava programada para as 10 horas da manhã do dia 21 de março de 2009. Muito ansiosos arrumamos a bagagem e fomos até a casa do Luiz Eduardo que iria nos emprestar o seu farol. Atrasamos um pouco e chegamos às 11 horas no Fritz e Frida. O Claiton que iria também ainda estava trabalhando, e como o ritmo dele era muito mais forte que o nosso, saímos na frente. Tomamos muita água durante a pedalada, nossa primeira parada foi no pedágio de Cruzeiro do Sul, para forrar o bucho com pastéis que minha mãe havia preparado. Depois paramos em um posto de Lajeado (antes do primeiro viaduto) para comprar “Sukita”. Estávamos alegres, pois ao contrário da primeira tentativa de ir a Gramado, não estava chovendo, e o Sol nos acompanhava. Em Westfália pausa novamente para mais um suco energético. Logo depois se iniciaram as subidas e foi então por volta das 17 horas que alguém me assustou em meio a uma elevação montanhosa. Olhei para trás e vi o Sr. Claiton. Ele estava adiantado pois o local de encontro era às 18 horas no pedágio de Boa Vista do Sul. Acho que eu e o Tiago que estávamos atrasados... Pausa para apreciação de bolachas recheadas no acostamento. Chegando ao pedágio de BVS, hora de repor garrafas, tomar café, chá... A noite já havia tomado conta, entramos em Garibaldi, procuramos um posto para fazer nossa “janta”. De volta a estrada rumo a Carlos Barbosa as lembranças não eram agradáveis, por isso muito cuidado no trecho até São Vendelino. Eu estava ansiosa para ver a tal cidadezinha, e cheguei lá com um embrulho no estomago. Atravessamos a rodovia e eu entrei no banheiro de um restaurante, mas continuava trancada...


Seguimos nossa viagem pela escuridão. Estávamos um pouco na dúvida de qual era o caminho para Feliz, mas chegando lá paramos no primeiro hotel as 22:30 na beira de estrada, pois era o único. Finalmente consegui fazer o descarrego. Não jantamos e dormimos, eu não consegui dormir. As 5:30 estávamos na ativa em direção a Vale Real e até aí nada de café da manhã. Foi muito legal ver o Sol “nascer” daquele jeito com o qual não estava habituada – mal dormida, com fome, porém ansiosa. E além do mais, não é todo dia que se vê o sol surgir por trás das montanhas da serra gaúcha. Quanto mais eu via placas indicando as próximas cidades, mais eu me empolgava. A primeira grande emoção, chegamos à rótula Caxias - Nova Petrópolis seguimos pela direita e foi o inicio da serra, 9 km de subidas constantes. Levamos umas 2 horas pra subir.


Chegamos no centro de Nova Petrópolis pelas 9 horas e fizemos um rancho num mercadinho, banana, sanduíche de pão fresquinho, bolo, iogurte...Esse foi o melhor café da manhã da minha vida. Um banquete na calçada ao lado de um mercado, as pessoas passando pelo local e conversando em alemão. Passamos pela praça e fomos em direção a Gramado, seriam mais 35 km +/-. Até Gramado foram inúmeras subidas, e eu já estava na capa da gaita. Os dois me deixaram para trás, só fui encontrá-los no pórtico. Entramos na cidade para almoçar, massa!!! Detalhe: fomos até Gramado e não visitamos nem um ponto turístico porque o Claiton teria que trabalhar no dia seguinte. Após o almoço nos dirigimos a rodoviária, mas não havia nenhum itinerário que nos servisse (de retorno a Santa Cruz). Por volta das 13 horas saímos de Gramado rumo a Santa Cruz do Sul.


Aquelas descidas de retorno a N. Petrópolis recompensaram com máxima de 67 km/h . Estava muito quente, tivemos que parar algumas vezes. Chegando na rodoviária de N. Petrópolis, o atendente informou que não havia mais itinerário, mas que em Feliz havia um dali a 40 minutos, ou seja, impossível para o ritmo que estávamos. Finalmente o momento mais esperado, descer os 9km de serra até Vale Real. Paramos no pedágio de Caxias para abastecer as garrafas. A próxima parada foi na rodoviária de Feliz, comemos bolacha, suco energético. E ônibus não havia . Voltamos por Bom Principio a terra do moranguinho. Na rodovia movimento intenso, à noite nos acompanhava. Conhecemos um ciclista que foi conosco até São Sebastião do Caí, onde morava. Ele nos mostrou o caminho pela cidade até chegar a estrada de chão, um atalho que nos levaria a Montenegro. A estrada não tinha iluminação. E eu já estava apavorada, pensando que não chegaria nunca em casa. Passamos por Parecí Novo, e chegamos a Montenegro sem ter muita consciência disso. Poucas placas e sinalizações no local, acabando assim por nos perder, e fizemos 20 km a mais. Entramos na ‘124’ em direção a Nova Santa Rita. Aí o Claiton nos deixou para trás, pois ele precisava trabalhar no dia seguinte e já passava das 22 horas. O asfalto estava bom, mas não tinha iluminação, não havia nada, só eu, e um pouco a frente, o Tiago. E eu, que não estava acostumada com a situação estava muito apavorada e cansada. Finalmente encontramos um posto aberto, na beira da estrada, paramos para pedir informação e tomar suco energético. Aproveitei o chuveiro no banheiro e tirei o voodoo de meus braços, não lembro de outra ocasião em que eu fedia mais. O homem do posto informou que logo estaríamos em Tabaí se seguíssemos. Ufa! Senti-me em casa quando cheguei a Tabaí. A partir daí só fui me arrastando cada vez mais. Essa foi a parte que mais me marcou na viagem. Estava disposta a parar em qualquer lugar para dormir e continuar no dia seguinte, mas o Tiago não queria. A fome começou a me chutar, os postos estavam todos fechados, eu via vultos, bichos... Coisas que nem existiam. Recordo-me de ter dormido enquanto pedalava – estava sobre uma ponte e quando acordei já estava adiante dela. Em Venâncio Aires paramos em um posto, que por sinal também estava fechado, e me apavorei muito quando vi um homem armado a uns 50 metros. Fizemos uma volta para passar longe dele. Nesse momento acordei da sonolência. Outra ocasião semelhante ocorreu a uns quilômetros dali: eu estava cochilando e pedalando muito devagar, e meu irmão a alguns metros na minha frente, tive a impressão de ouvir alguém correndo no asfalto em minha direção, no primeiro segundo não dei importância por estar sequelada, mas olhei para o lado e percebi que realmente havia alguém ali. No mesmo instante minha velocidade pulou de 5 km/h para 30km/h, ultrapassando inclusive o meu irmão. A fome era imensa, e não restavam mais forças. Lembrei de uns pastéis velhos na bagagem, quase os toquei fora na noite anterior, eram de tomate com ovinho de codorna... Chegamos ao pedágio de Venâncio A., o Tiago foi ao banheiro, e eu me escorei na parede e apaguei. Ele não me deixou dormir, pois queria chegar logo em casa. O cara que trabalha no pedágio veio conversar com a gente e se apavorou com nossa viagem, ofereceu carona até Santa Cruz. Eu prestes a aceitar, mas novamente o Tiago não quis... Iniciou-se então a contagem regressiva da nossa quilometragem até em casa. Nas sete curvas eu estava com medo de dormir e cair na pista ou para algum barranco. Mas o cansaço era maior que o medo. Fizemos mais uma parada no meio da subida. Depois descemos o Grasel, e fomos para casa por caminhos distintos. Eu cheguei em casa as 7 horas de segunda feira(23-03-2009) e meu irmão chegou uns 15 minutos antes. Não sabia se comia ou tomava banho primeiro. Comi como uma morta de fome, e quase não consegui tomar banho, pois estava tudo em “carne viva”. Meus pés ficaram uns 3 dias enrugados, e meu minguinho da mão (não lembro qual) formigou por mais ou menos um mês. O Claiton chegou em casa (Vera Cruz) pelas 4 horas e foi trabalhar as 8 horas...

3 comentários:

  1. Ola Luiza achei bem interessante seu blog vamos mantendo contato por aqui, em janeiro vou fazer uma cicloviagem partindo de Florianópolis até Porto Alegre via BR282(caminho da serra de SC) e RS116(serra gaúcha). Vi que fez boa parte da rota que pretendo fazer, estou seguindo seu blog para ir descobrindo novos lugares. Abraço t+

    ResponderExcluir
  2. Muito sinistra essa pedalada, de chegar as 4h da manhã em casa. Já cogitou o teu município 100?
    http://twitter.com/udomap

    ResponderExcluir
  3. Hi, Nice post, I came across your site and wasn’t able to get an email address to contact you. Would you please consider adding a link to my website on your page. Please email me back.

    Thanks!

    Mandie Hayes
    mandie.hayes10@gmail.com

    ResponderExcluir